Estradas das duas regiões foram concedidas à iniciativa privada no início do ano e, até o fim de 2023, pedágios estarão funcionando
Motoristas que costumam transitar por rodovias do Triângulo Mineiro e do Sul de Minas se preparam para começar a pagar pedágio nas estradas que foram concedidas à iniciativa privada. Até o fim do ano, as tarifas começam a ser cobradas em meio a melhorias nas condições de tráfego.
Usuários relatam que tem sido comuns as operações de capina e limpeza de vias, tapa-buracos e instalação de placas de sinalização.
Essas são as primeiras ações colocadas em prática pela EPR Triângulo Mineiro, concessionária que desde fevereiro administra 627,4 quilômetros em nove rodovias diferentes.
As vias passam por 16 municípios do Triângulo, entre eles Uberlândia, Araxá e Uberaba. Além das melhorias, chama atenção dos usuários a construção de estruturas para cobrança de pedágio. Serão oito praças, com tarifa tendo valor médio de R$ 11,48.
O contrato, assinado em 24 de fevereiro, completa nove meses no final de novembro, quando o edital permite o início da cobrança. O prazo, porém, pode ser antecipado para outubro, caso as contrapartidas iniciais sejam cumpridas.
“Na primeira etapa dos trabalhos iniciais você tem parâmetros para serem cumpridos. Correções funcionais na rodovia que estão sendo feitas, do tipo correção funcional do pavimento, das pistas, melhorias da sinalização, limpeza das áreas adjacentes… tudo isso está em andamento com cobertura bastante importante das rodovias que foram concedidas”, explica o diretor presidente da concessionária EPR, José Carlos Casaniga.
explica o diretor presidente da concessionária EPR, José Carlos Casaniga.
Ainda de acordo com Casaniga, o edital prevê a possibilidade de antecipação da cobrança do pedágio, caso a empresa realize os investimentos previstos.
“Pelo próprio edital, pode ser ate antecipada [a cobrança do pedágio]. Junto com marco contratual vem a prestação de serviços dos usuários do tipo guincho, ambulância, centro de controle operacional, conexão via 0800, tudo isso estamos preparados para antecipar e iniciar a operação”, afirmou.
Sul de Minas tem 454 km concedidos à iniciativa privada
A situação é semelhante no sul de Minas. Por lá o contrato contempla 454,4 quilômetros espalhados em oito rodovias. A área de concessão abrange 22 cidades, entre elas Itajubá, Poços de Caldas e Pouso Alegre.
Da mesma forma que no Triângulo, a concessão no Sul de Minas prevê cobrança de pedágio nove meses após a assinatura do contrato, firmado em 3 de março desse ano. No Sul de Minas estão previstas oito praças de pedágio, com a tarifa básica custando R$ 8,32.
“As obras estão sendo feitas, mas para quem pega essa rodovia todo dia não é muito interessante. Talvez o estado teria que fazer essas reformas e não a iniciativa privada, para não pesar no bolso do cidadão”, opina.
De acordo com Carla Fernandes de Souza, outra motorista que trafega com frequência nas rodovias sob concessão da iniciativa privada, se o serviço for de boa qualidade, o preço do pedágio não importará tanto.
“Não observei melhorias por enquanto, a MG-290 costuma ser bem ruim. Não me importo de pagar se o serviço prestado for de boa qualidade. Se a gente conseguir transitar em uma estrada com acostamento, assistência e um bom asfalto, a gente não se importa de pagar não”, afirma.
Investimentos
Tanto no Triângulo quando no Sul de Minas estão previstos descontos para usuários frequentes, o que contempla moradores que trabalham em cidades vizinhas e usam as vias todos os dias para ir ao trabalho. O desconto é progressivo, conforme o uso, e varia de 25% a 90% do valor da tarifa.
Segundo a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra), cerca de R$ 15 bilhões serão investidos em melhorias.
O governador em exercício de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo), defende o modelo de concessão de rodovias a iniciativa privada.
“A concessão é um movimento natural no mundo inteiro. Lembrando que nunca vamos falar da concessão de vias de baixo fluxo, estamos sempre falando de vias de alto fluxo, para sobrar dinheiro no orçamento para gente cuidar das vias de baixo fluxo. Estamos falando de quase R$ 15 bilhões em investimento ao longo de todo o período de concessão. É muito mais do que o governo do estado teria condições de investir nesse mesmo período”, defende.
Simões diz que as melhorias já vem sendo realizadas em diversos trechos.
“A [MGC] 452, na ligação de Araxá a Uberlândia, eu furei dois pneus de carro nessa estrada no começo do ano. Ela já está toda refeita. No Sul de Minas, aquele trecho que tinha cedido em Senador José Bento, ficou mais de um ano interditado. Não é que ele foi recuperado, não, outra via já foi feita para garantir, com segurança, o uso daquela área. Os dois trechos que já foram concedidos no inicio do ano já são perceptíveis a mudança da realidade. O pedágio tem que ser suficiente para garantir o equilíbrio financeiro da operação sob pena de jogar fora todo esse tempo investido na concessão em si”, explica.
As vias concedidas no Sul de Minas e no Triângulo Mineiro já contam com cobertura de sinal 4G, oferecido pela operadora TIM, em parceria com a concessionária EPR. O vice-presidente de soluções corporativas da TIM, Paulo Humberto Gouveia, fala sobre a oferta do serviço e a inclusão digital para as comunidades que vivem no entorno das rodovias.
“A grande vantagem de ter toda essa cobertura com 4G não é só um projeto conectando a rodovia, dando mais segurança aos usuários da rodovia. Toda a população rural, escolas, postos de saúde, todo mundo que vive no entorno passa a fazer parte desse projeto. É um projeto de inclusão social e digital também”, diz.
Terceiro Lote – Vias do Café
Na semana passada o Governo de minas assinou contrato de concessão do terceiro lote, chamado Vias do Café, ligando as regiões de Varginha e Furnas, também no Sul do estado. O trecho, que passa por 22 municípios, tem ao todo 432,8 quilômetros. O valor médio previsto do pedágio é de R$ 13,18 a serem cobrados em cada uma das seis praças de pedágio previstas.