Eden Mattar, do setor especializado em Direitos das Crianças e Adolescentes, apontou lacunas no esquema montado para o recebimento dos votos dos cidadãos
As falhas no sistema de votação utilizado no processo de escolha dos componentes do Conselho Tutelar de Belo Horizonte, neste domingo (1°), também aconteceram em 2019, ano do último pleito. Durante a manhã, longas filas se formaram nas seções eleitorais. A tecnologia adotada pela Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte (Prodabel) para coletar os votos sofreu com instabilidades — a ponto de, no início da tarde, a prefeitura da capital adotar modelo amparado por cédulas de papel.
“Quatro anos atrás, houve a última eleição. Houve, sim, alguns problemas, como, por exemplo, de superlotação, e na votação em si. Existe um processo, mas por ser segredo de Justiça, me eximo de falar sobre ele, mas em que se questiona, exatamente, a eleição de conselheiros — e não só a eleição em si, mas a questão da própria estrutura dos conselhos, que têm ficado muito aquém do que, hoje, nossa cidade precisa”, disse, à Itatiaia, a defensora pública Eden Mattar.
Titular da 1° Defensoria Especializada dos Direitos das Crianças e Adolescentes, Eden afirmou ser “precipitado” falar, neste momento, sobre uma eventual anulação do pleito. De acordo com ela, a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais (DPMG) está compilando informações para, posteriormente, tomar as providências que forem possíveis.
“Algumas urnas ficaram praticamente três horas e meia paradas. Isso trouxe um aumento de pessoas, que ficaram na fila aguardando para exercer seu papel cívico. Houve relatos de pessoas que desistiram de participar dessa eleição”, afirmou, ao detalhar os problemas enfrentados por eleitores neste domingo.
Quando conversou com a reportagem, Eden Mattar estava na Escola Estadual Santos Dumont, no Bairro Santa Efigênia. A unidade estudantil é um dos pontos de votação destinado aos cidadãos da Regional Leste da cidade. Ela fez uma espécie de “ronda” pelas seções a fim de identificar eventuais problemas.
“Estamos fazendo o possível para que possamos alcançar o maior número de escolas, também, em regionais. O que temos tido notícias e apurado in loco é que há uma falha no sistema de votação. Houve interrupções durante o dia, principalmente na parte da manhã, com grande instabilidade nas urnas (equipamentos da Prodabel)”, explicou.
Embora os eleitores possam apontar a preferência por apenas um candidato, cada regional vai escolher cinco conselheiros.
Votação prorrogada
As dificuldades vividas pelos eleitores fizeram o poder público municipal estender, em uma hora e meia, o prazo de votação. As seções iriam fechar as portas às 17h30, mas permanecerão abertas até as 18h30.
A prorrogação do horário e a adoção das cédulas físicas vão ao encontro de recomendações do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).