O azeite de oliva é o segundo produto alimentar mais fraudado do mundo, atrás apenas do pescado
Na salada ou como ingrediente imprescindível na preparação de outros pratos, fato é que o azeite de oliva caiu no gosto do brasileiro. Chefs de cozinha e nutricionais concordam que o produto ganhou notoriedade no país a partir da divulgação dos benefícios da dieta mediterrânea, na qual ele é utilizado com abundância.
Hoje, o Brasil é o terceiro maior importador de azeite de oliva do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da União Europeia. De acordo com o Conselho Oleícola Internacional (International Olive Council, ou IOC, na sigla em inglês), o Brasil importa cerca de 100 mil toneladas métricas de azeite de oliva por ano.
E, com esse aumento no consumo, aumentaram também as fraudes. Atualmente, o azeite de oliva é o segundo produto alimentar mais fraudado do mundo, atrás apenas do pescado.
Fraudes mais comuns
- A fraude mais recorrente, de acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, é a mistura de óleo de soja com corantes e aromatizantes artificiais.
- Também são encontrados casos de azeite de oliva refinado vendido como azeite extra virgem.
- Outras vezes, o sumo da azeitona é diluído em outros óleos mais baratos, como o de soja. O fato de eles serem muito parecidos e se misturarem bem ajuda a enganar o consumidor.
- Com o aperto na fiscalização, o Mapa observou registros de sofisticação das fraudes.
Principais motivações
O cenário de demanda em alta, escassez do produto, alto valor agregado e preços elevados são apontados como as principais motivações para as adulterações do azeite, assim, oportunidade para que as empresas fraudulentas ampliem suas margens de lucro.
Por esse motivo, o Mapa intensificou nos últimos anos, suas ações de fiscalização. Realizadas em conjunto com outros órgãos, elas resultaram na responsabilização dos comerciantes desonestos e já tiveram um efeito positivo: o registro de quedas no nível de inconformidade desse tipo de produto.
Quatro categorias: o extravirgem, o virgem, o azeite tipo único e o lampante
Vamos conhecer as características de cada uma:
Extravirgem: É o óleo em seu estado mais puro, com acidez de até 0,8%. As azeitonas são colhidas no momento exato e passam pela maceração e pela prensa em temperatura ambiente. O líquido passa então por alguns processos básicos para retirar impurezas e é engarrafado puro.
No azeite virgem, a acidez se encontra acima de 0,8% e até 2% . Aqui, pode ter ocorrido uma
fermentação das azeitonas, o que causa algumas alterações nos componentes principais do azeite e modifica sua acidez. As azeitonas utilizadas no azeite virgem são submetidas a uma temperatura um pouco mais alta para garantir a retirada de todo o óleo presente no interior dos frutos.
Lampante – É o óleo obtido a partir de azeitonas muito fermentadas ou machucadas, cuja acidez supera os 2%. O aspecto é rançoso, e o gosto é forte e desagradável, o que torna o alimento impróprio para consumo humano. Por causa disso, muitas vezes, ele é utilizado como combustível.
Tipo Único – É o lampante que passou por refinação e alguns processos químicos. Misturado com o azeite virgem, é envasado e vendido, normalmente.
Adulterações trazem riscos à saúde? 🫒
Do ponto de vista da saúde, os especialistas entendem que esses óleos adulterados que tentam se passar por azeite não representam risco à saúde. O problema é o consumidor comprar um produto achando que irá usufruir dos vários benefícios que ele oferece, e isso na prática, não acontecer. Vale lembrar que os compostos fenólicos encontrados no azeite extravirgem têm ação anti-inflamatória, antifúngica e antioxidante.