A paralisação completa 29 dias; cerca de 50 educadores passaram a noite em frente ao prédio municipal
Apesar das baixas temperaturas registradas durante a noite, os manifestantes permaneceram firmes em seu propósito
Clever Ribeiro/ Itatiaia
Na madrugada desta sexta-feira (4), cerca de 50 professores da rede municipal de Belo Horizonte montaram acampamento em frente à sede da prefeitura, na Avenida Afonso Pena, 1212, no Hipercentro da capital mineira. O protesto tem como objetivo pressionar a administração municipal a conceder um reajuste salarial. A paralisação completa 29 dias.
Estamos aqui desde ontem. Aguardamos que o prefeito converse conosco, porque já transigimos em relação à proposta de reajuste. Agora, esperamos que ele apresente os 2,4%, que é um acerto, uma dívida que a prefeitura tem com os professores”, afirmou Pedro Valadares, representante do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede).
O sindicato pretende apresentar uma nova contraproposta à prefeitura. Além dos 2,49% de reajuste já oferecidos, a categoria pede o adiantamento de mais 2,4% referentes a perdas salariais acumuladas em gestões anteriores. Diante de mais um dia sem acordo e da manutenção da greve, a PBH informou que protocolou um recurso judicial na quinta-feira (3).
Apesar das baixas temperaturas durante a noite, os manifestantes permaneceram no protesto. “A gente passou um pouco de frio, viu?”, admitiu Valadares. Na manhã desta sexta, os professores já se mobilizavam, organizando um café da manhã comunitário em frente ao prédio da prefeitura.
Entenda a reivindicação
Os trabalhadores, que já tiveram parte dos salários cortada, reivindicam uma recomposição salarial de 6,27%, retroativa a janeiro, com base no reajuste do piso nacional do magistério. Também pedem o preenchimento imediato das vagas no quadro de professores e a redução no número de alunos por sala de aula — atualmente, cerca de 30.
A PBH ofereceu reajuste de 2,49%, retroativo de janeiro a abril de 2025.
Ainda segundo a PBH, até o fim do ano, as férias-prêmio devem ser calculadas e processadas. O governo também garantiu a recomposição das perdas inflacionárias acumuladas entre 2017 e 2022, além da nomeação de 376 servidores para os anos iniciais e outros professores aprovados em concurso vigente.
Para a educação infantil, será encaminhado um projeto de lei visando ampliar o número de professores e reestruturar a carreira. Atendendo a outras reivindicações, o município informou que professores com um turno de trabalho passarão a receber auxílio-alimentação de R$ 18,75 por dia — um benefício que hoje não é concedido. Já para docentes com jornada de 8 horas diárias, o valor do auxílio passará de pouco mais de R$ 37 para R$ 60 por dia, podendo chegar a R$ 1.320 mensais.