Defesa se pronuncia pela 1ª vez após William Lopes matar David Alexandre no bairro Copacabana, na Pampulha; advogada afirma que policial tem recebido ameaças de morte pela internet

David morto jogo do bicho.jpg

Vídeo: homem é morto a tiros em loja de jogo do bicho em BH

Reprodução

A defesa do policial penal William Lopes dos Santos, de 43 anos, disse com exclusividade à Itatiaia, nesta segunda-feira (8), que ele não foi para a loja de jogo do bicho, no bairro Copacabana, na região da Pampulha de Belo Horizonte, com a intenção de matar David Alexandre Castorino Moreira, de 23. Ele disse que foi ao local apenas para conversar e nega que a motivação tenha sido pelo jovem ter chamado a filha de ”baranga’’ e, sim, por ameaçar a garota após ela recusar uma proposta sexual. O crime ocorreu em 28 de junho.

“A filha (Maria Eduarda) relatou propostas de relação sexual a três entre o David, a Ana e ela. Essas propostas já vinham ocorrendo há algum tempo desde maio e ela recusou para Ana e para o David. Contudo, houve um momento em que Maria Eduarda disse estar indo para a academia e passa pela casa da Ana para que fossem juntas. No trajeto, ela encontra David que, mais uma vez, faz a proposta e ela nega. Foi então que David perguntou, nervoso, se ela não queria ter relação sexual com ele porque ele era feio. Ela disse que não era isso e, sim, porque ela não se sentia confortável em ter relação sexual a três, que ele era namorado da amiga dela e que ela não queria”, disse a advogada do policial penal, Kenia Ferreira.

VEJA AQUI O VÍDEO

Na versão da defesa, nesse momento, o jovem ameaçou a filha do policial. “Ela falou que o David disse que ‘a sua sorte é que estou com a Ana. Se eu não estivesse com a Ana, eu ia fazer você querer’, insinuando um possível abuso sexual. Com medo, ela falou com o pai”, relatou. Diante disso, segundo a advogada, William foi procurar David para conversar: “Não foi pelo simples fato de ter sido chamada de baranga”, pontuou.

‘Você é frouxo’

A defensora do policial penal também contou a versão dele para a dinâmica dos fatos, tudo que está registrado nas imagens de câmeras de segurança. “Quando ele chega até o local, ele não conhece o David. Então, ele pergunta se ele é o David. Ele disse que sim e ele se apresenta falando como a Maria Eduarda. Aí o David responde ‘aquela vagabunda’ e, assim, começa as ofensas. Então, ele passa da mesa e dá a primeira coronhada e começa aquela discussão. Segundo o William, quando ele se levanta, David fala: ‘você é um bundão, você é um frouxo, você não é homem, não tem coragem de atirar’. Os dois se ofendem verbalmente e o William perde o controle, perde a cabeça e acaba efetuando os disparos”, explicou.

Leia também: Jovem morto em jogo do bicho chamou filha de policial penal de ‘baranga’ e mandou esposa ‘fazer janta’
Áudio mostra que esposa de policial penal ameaçou jovem morto em loja do jogo bicho

Na versão da defesa, ele não tinha a intenção de matar o jovem. “Uma coisa também que se questiona muito é o fato dele estar armado. Ele é um policial penal, então, ele anda armado. Mas, quem foi ali naquele momento não foi o policial penal, mas não o pai”, disse.

Policial continua efetivado

Conforme a reportagem informou na semana passada, o policial penal continua trabalhando na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. A informação foi confirmada pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp). Por meio de nota, a pasta informou que abriu um procedimento administrativo para apurar a conduta do servidor no mesmo dia da ocorrência. “O processo encontra-se, no momento, na fase de investigação preliminar, que possui prazo de 30 dias para conclusão, prorrogáveis por mais 30 dias. Paralelamente, a secretaria também acompanha os desdobramentos da ocorrência no âmbito criminal/Justiça”, disse.

Kenia explica que, após o ocorrido, William tirou alguns dias de folga. “Ele tinha algumas folgas e ele conseguiu tirá-las. Ele está tentando as férias dele, mas ainda não conseguiu. Muitas pessoas criticam, mas para um servidor público ser afastado, ele precisa passar por um processo administrativo. E, depois disso, veem as consequências de até uma possível demissão a bem do serviço público”, contou.

William é ameaçado

A advogada disse que o policial tem recebido ameaças de morte pela internet. “Tem uma pessoa chamada ‘Satã’, que se intitula como ‘do crime’, vem ameaçando William e a família. Chegou a oferecer R$ 1 mil no PIX para quem informasse o paradeiro do William”, relatou. A defesa afirma também que o William está arrependido: “Ele se arrepende desde o primeiro momento. Ele não queria tirar a vida do David, não tinha a intenção”, finalizou. O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *