Neste ano, 14 acidentes aconteceram em Minas; ações educativas buscam conscientizar

Após acidente com linha chilena, em julho de 2019, Gabriel Alves precisou colocar prótese
O empresário betinense Gabriel Lucas Alves, de 20 anos, jamais esquecerá o dia 20 de julho de 2019. Desde essa data, ele carrega no corpo a marca de uma tragédia: o jovem teve a perna esquerda amputada ao ser atingido por uma linha chilena quando andava pelo bairro Nossa Senhora das Graças, uma ferida que pôs fim ao sonho de ser jogador de futebol.
“Eu tinha apenas 15 anos. Foi um momento muito difícil para mim”, conta o rapaz, que conseguiu se reerguer. “Muitas pessoas me chamam para contar minha história, como eu superei. Sou inspiração para muitos”, afirma.
Somente neste ano, 14 pessoas ficaram feridas em Minas por causa da linha chilena ou com cerol – dois desses casos ocorreram em Betim. Os dados são da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
A preocupação com esses acidentes aumenta nesta época do ano, quando o tempo está seco e os ventos são favoráveis para soltar pipas. “Os pacientes normalmente chegam com corte profundo na região do pescoço, podendo ter uma lesão grave na traqueia ou no esôfago, além de perda de muito sangue, o que pode levar ao óbito. Há casos de cortes profundos em algum membro, o que pode provocar amputação”, relata Rodrigo Muzzi, gerente médico adulto do Hospital João XXIII, em BH, unidade referência em Minas Gerais nos atendimentos de casos graves de urgência e emergência.
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O empresário betinense Gabriel Lucas Alves, de 20 anos, jamais esquecerá o dia 20 de julho de 2019. Desde essa data, ele carrega no corpo a marca de uma tragédia: o jovem teve a perna esquerda amputada ao ser atingido por uma linha chilena quando andava pelo bairro Nossa Senhora das Graças, uma ferida que pôs fim ao sonho de ser jogador de futebol.
“Eu tinha apenas 15 anos. Foi um momento muito difícil para mim”, conta o rapaz, que conseguiu se reerguer. “Muitas pessoas me chamam para contar minha história, como eu superei. Sou inspiração para muitos”, afirma.
Somente neste ano, 14 pessoas ficaram feridas em Minas por causa da linha chilena ou com cerol – dois desses casos ocorreram em Betim. Os dados são da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
A preocupação com esses acidentes aumenta nesta época do ano, quando o tempo está seco e os ventos são favoráveis para soltar pipas. “Os pacientes normalmente chegam com corte profundo na região do pescoço, podendo ter uma lesão grave na traqueia ou no esôfago, além de perda de muito sangue, o que pode levar ao óbito. Há casos de cortes profundos em algum membro, o que pode provocar amputação”, relata Rodrigo Muzzi, gerente médico adulto do Hospital João XXIII, em BH, unidade referência em Minas Gerais nos atendimentos de casos graves de urgência e emergência.
Prevenção
Para conscientizar sobre os perigos do cerol em Betim, a Guarda Municipal tem realizado diversas ações educativas em escolas, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação. A palestra “Além de pipas o cerol corta vidas”, ministrada pelo grupamento de apoio escolar da corporação, aborda os riscos do uso das linhas cortantes e alerta sobre como elas podem acabar com a brincadeira.
“Percebemos que as crianças absorvem muito bem as informações. Mas contamos muito também com a orientação dos pais ou da família em casa”, destaca o subcomandante da Guarda Municipal, Weslei Almeida.
A GM ainda realiza operações de fiscalização nos bairros para localizar pessoas que infringirem a lei municipal que pune quem usa linhas cortantes (veja mais detalhes na arte abaixo).
“Todas as equipes empenhadas no serviço operacional estão orientadas a abordar as pessoas flagradas na prática de soltura de pipas e tomar as medidas cabíveis caso estejam utilizando linhas cortantes”, explica.
Almeida salienta que conta com o apoio da população para denunciar o uso ou a comercialização dessas linhas pelos telefones: 153 ou (31) 3531-1276.
Motociclistas
O subcomandante destaca que um dos públicos mais vulneráveis são os motociclistas. Por isso, orienta que eles utilizem a antena “corta-pipa”, que serve como barreira de proteção. O uso de equipamentos de segurança também é importante, como protetores no pescoço, luvas, jaqueta e botas. “São equipamentos que podem não evitar o ferimento, mas, certamente, minimizam o risco de morte”, diz.
Ao longo de agosto, a Guarda irá realizar blitze educativas, para conscientizar tanto a população, quanto motociclistas sobre o uso das antenas e equipamentos de segurança.
História virou superação
Passados cinco anos, Gabriel Alves se lembra com detalhes do dia em que foi ferido. Ele ia cortar o cabelo quando teve o corpo atingido pela linha chilena. Após a cirurgia de amputação, ficou internado por oito dias. Em seguida, começou o processo de recuperação. “Comecei a caminhar com andador e muletas. Em dois meses, andava bem com a prótese e voltava às minhas atividades, como ir à escola. Mas foi um processo muito difícil”, lembra.
Mesmo com o acidente, o jovem, hoje com 20 anos, ainda consegue viver o futebol. Ele chegou a jogar em equipes de pessoas amputadas, mas acabou se encontrando fora das quatro linhas: o rapaz é agente de jogadores em uma empresa com mais de 20 anos de atuação no mercado.
“Trabalho agenciando atletas. Por isso, amar futebol e ter tido a oportunidade de seguir essa carreira foi o que escolhi para mim, e estou indo muito bem. Não desisti do meu sonho de viver de futebol e consegui”, detalha.