Fernando Diniz tem nove meses, e oito jogos, para convencer o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, a renovar seu contrato, que vence em junho de 2024, e deixá-lo comandar a Seleção Brasileira até a Copa do Mundo de 2026, na América do Norte. E o desafio começa nesta sexta-feira (8): o jogo contra a Bolívia, às 21h45 (de Brasília), no Mangueirão, em Belém, abre as Eliminatórias e a era Diniz.
Diniz assinou o curto acordo porque Rodrigues espera que Carlo Ancelotti assuma a Seleção a partir de junho do ano que vem, quando acaba o contrato do italiano com o Real Madrid. Mas, por enquanto, não há papel assinado entre CBF e o treinador italiano. Há conversas sobre valores, sobre projeto, mas nada oficial, o que torna uma reviravolta possível.
E essa reviravolta passa exatamente sobre como a Seleção Brasileira de Diniz vai desempenhar em campo. Sim, porque a expectativa da direção da CBF, da imprensa, dos torcedores e até dos jogadores é imensa: será que o “Dinizismo”, o tal futebol sem posição, de rotação, de time com a bola nos pés e pressão total no adversário, vai funcionar na Seleção? E se funcionar, como tirar Diniz daqui um ano e colocar Ancelotti, por mais vitorioso que o italiano seja?
Proibido falar em ‘interino’ na Seleção
Por isso que, dentro da Seleção, o termo interino é proibido. Do presidente aos jogadores, Diniz é tratado como técnico efetivo, e dessa maneira ele vai estrear nesta sexta-feira (8).
“O meu pensamento com Diniz é de que é o treinador, é quem faz o trabalho hoje. Falar de Ancelotti é uma falta de respeito falar aqui dentro. É um grande treinador, mas tem contrato com o Real Madrid. Nós temos um treinador hoje que é o Diniz, e o respeitamos como se fosse o nosso treinador para a Copa”, disse o volante Casemiro, um dos líderes do elenco atual da Seleção.
Diniz terá seis jogos ainda em 2023 pelas Eliminatórias, um deles contra a Argentina, em novembro, e mais dois amistosos em março, um desses provavelmente contra a Espanha. É o calendário para convencer Ednaldo de que poderá ser mais decisivo do que Ancelotti.
“O que tenho para ocupar a cabeça é o período que tenho acordado, não fico pensando no depois. É entregar o melhor trabalho que puder, quando houver uma troca no comando que vejam que o time está bem treinado, que ficou em boas mãos e com chance de o caminho ser vitorioso”, disse Diniz quando perguntado sobre a chance de permanecer caso bons resultados aconteçam.
Dinizismo’ em ação
No ensaio que fez nos treinamentos no Mangueirão, Fernando Diniz não inventou: manteve a espinha dorsal que se imaginava, com jogadores como Danilo, Marquinhos, Casemiro e Neymar como titulares. A exceção foi Alisson, que deu lugar a Ederson, que parece que será, nesse início ao menos, o goleiro de Diniz.
Gabriel Magalhães foi titular na zaga, ao lado de Marquinhos, substituindo o lesionado Eder Militão, que nem convocado foi. Na lateral esquerda, como esperado, Renan Lodi, com mais experiência na Seleção do que Caio Henrique, será o titular. A dupla de volantes, sem surpresas, será Casemiro e Bruno Guimarães.
Os olhos, entretanto, estarão voltados para o desempenho do quarteto ofensivo. Neymar, Raphinha, Richarlison e Rodrygo foram escalados. Raphinha foi chamado somente após o corte de Vinícius Júnior, machucado, mas já chegou com status de titular porque Diniz já tinha em mente como escalaria o time, com Vini, claro, nessa função.
O treinador pregou respeito à Bolívia, apesar de nas últimas cinco Eliminatórias o time ter ficado sempre em penúltimo ou último na tabela de classificação.
“É um time jovem, com um técnico que sabe o que faz. Não tem favoritismo para mim ou para os jogadores. Vamos trabalhar para entrar em campo, jogar bem, com respeito máximo à Bolívia”, disse o treinador.
Depois de enfrentar a Bolívia, a delegação brasileira viaja a Lima, onde na terça-feira (12) encara o Peru, às 23h (de Brasília), pela segunda rodada das Eliminatórias.
Os 48 convocados da Bolívia
Para as duas primeiras partidas nas Eliminatórias, contra Brasil e Argentina, o técnico Gustavo Costas curiosamente convocou 48 jogadores. São cinco goleiros, 18 zagueiros, 12 meias e 13 atacantes.
A ideia, segundo a imprensa boliviana, é de ter dois times: um para enfrentar o Brasil em Belém, longe da altitude, e outro para receber os argentinos em La Paz, que está a 3.625m acima do nível do mar.
Marcelo Moreno, atacante que jogou pelo Cruzeiro entre 2020 e 2022, deve se titular nesta sexta. Hoje ele atua pelo Independiente Del Valle, do Equador. É possível que Costas utilize três zagueiros.
Brasil x Bolívia
Brasil
Ederson; Danilo, Marquinhos, Gabriel Magalhães e Renan Lodi; Casemiro e Bruno Guimarães; Raphinha, Neymar, Richarlison e Rodrygo. Técnico: Fernando Diniz
Bolívia
Guillermo Viscarra; Héctor Cuéllar, Carlos Roca e Jairo Quinteros; Medina, Luciano Ursino, Saucedo e Miguelito; Víctor Ábrego e Marcelo Moreno. Técnico: Gustavo Costas
Motivo: 1ª rodada das Eliminatórias para a Copa de 2026
Data e horário: 8 de setembro de 2023, às 21h45 (de Brasília)
Local: Mangueirão, em Belém
Árbitro: Juan Gabriel Benítez-PAR
Auxiliares: Eduardo Cardozo-PAR e Milciades Saldivar-PAR
Árbitro de vídeo: Carlos P. Benítez-PAR
Transmissão: TV Globo e SporTV