Piora do quadro depressivo, insônia, irritabilidade e explosões de choro estão entre alguns impactos
Suspensão do uso de remédios deve ocorrer somente com acompanhamento médico
Imagem ilustrativa Pixabay
A suspensão abrupta do uso de antidepressivos sem recomendação médica é um risco para os pacientes. Psiquiatras ouvidos pela Itatiaia apontam como consequência a piora do quadro depressivo, insônia, irritabilidade, explosões de choro, distúrbios de humor, vertigens, cefaleia, falta de coordenação motora, alterações de sensibilidade da pele e tremores. Mas afinal, antidepressivo causa dependência?
O psiquiatra Pedro Rezende Tanajura, diretor técnico do Instituto Assistencial Espírita André Luiz, em Belo Horizonte, garante que antidepressivo não causa dependência.
O uso do antidepressivo continuado não traz esses prejuízos, portanto seu uso não pode ser configurado como uma dependência, mas a interrupção abrupta de alguns deles pode causar uma “Síndrome de Retirada”. É similar a uma abstinência por ser aliviada pela retomada do uso correto do medicamento, porém reservamos a palavra “abstinência” para efeitos da suspensão de drogas que não estão prescritas para um tratamento médico”, explicou.
Além de causar tonteira tremores, fadiga, ansiedade, irritabilidade, entre outros sintomas, o psiquiatra alerta: “Além disso, pode provocar recaída no motivo do tratamento e até precipitar um episódio de mania ou hipomania em quem é portador de transtorno bipolar. Mania e hipomania são síndromes parecidas com o “oposto de depressão”, em que a pessoa está com energia em excesso, eufórica ou irritada a maior parte do tempo, com redução da necessidade de sono”, explica o médico, formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Perda de suporte
O médico Guilherme Loss destaca que a suspensão de antidepressivos resulta em perda de suporte.
“É como se fosse resultado da perda do suporte, da variação aguda, rápida da concentração de serotonina noradrenalina e outros neurotransmissores no organismo. Mas não é um sinal de que a pessoa tem uma dependência química. Ela só está neuroadaptada a isso”, destacou o médico, que fez uma analogia:
“É como se você tivesse apoiado numa porta e essa porta abrisse. Você cai no chão porque está apoiada nela, não porque você precise dela”, concluiu o médico, que também é formado pela UFMG.