Ao término do Dança dos Famosos, Luciano Huck mandou um recado sobre a operação realizada no Rio, que deixou 121 mortos

Luciano Huck opinou sobre a megaoperação
ocorrida no Rio de Janeiro na última semana. Ao término do Domingão com Huck, da Globo, o apresentador decidiu falar sobre a ação, que deixou 121 mortos
, entre eles, quatro policiais
.“Eu não posso encerrar o programa de hoje e não falar sobre o que aconteceu esta semana no Rio de Janeiro. Eu sou paulista, boa parte da minha família segue em São Paulo, mas eu vivo nesta cidade há 25 anos. Foi aqui que a gente escolheu para criar os nossos filhos, e é uma tristeza ver o mesmo modelo de segurança pública se repetindo há décadas sem nenhum resultado”, inicia Huck, que contou com a esposa, Angélica, como jurada do Dança dos Famosos ontem.
“Quantas vezes eu já não parei um programa de televisão aqui na TV Globo para falar desse assunto? Cento e vinte mortos numa operação policial no Complexo do Alemão e da Penha. Por trás desse número tem 120 mães que enterraram os seus filhos”, continua Huck.
Logo depois, ele levanta o questionamento: “E você acha que foi isso que elas sonharam quando essas crianças eram pequenas e corriam ali pelas vielas do Alemão ou da Penha? Claro que não. É preciso combater o narcotráfico com força total. É preciso coordenar ações entre todos os níveis de poder: municipal, estadual e federal. É preciso sufocar a parte financeira das organizações criminosas, das milícias, do tráfico e por aí vai. É preciso valorizar a polícia e o policial.”
Huck segue: “Mas é preciso mais do que isso. É preciso gerar oportunidade, dar perspectiva para quem nasce nesses recortes da cidade do Rio de Janeiro, oferecer boas referências, abrir caminhos, mostrar que existem outros futuros possíveis, porque enquanto o Estado se ausenta, outro poder ocupa esse lugar. E é justamente isso que precisa mudar, a gente precisa reconstruir o sentido de pertencimento. Fazer com que as crianças se deem parte de algo maior, de um Rio de Janeiro maior, de um Brasil maior, onde o crime não esteja no horizonte.”
“Vale lembrar que a enorme maioria da população carioca vive nesses cantos da cidade e é também refém dessa violência. Não compactuam, não pertencem. A violência urbana é a maior dor do Brasil, sem a menor dúvida, atualmente. E quem lucra de verdade com a criminalidade não tá no Complexo Alemão e nem na Penha. Aqueles fuzis, aqueles drones, aquelas armas de guerra não foram fabricados ali e não chegaram ali sozinhos. Meus filhos me falaram nessa semana num jantar: ‘Mas, pai, é impossível resolver isso’. Não é. Eu discordei e mostrei para eles que é possível, sim, em muitos lugares do mundo, com realidades muito parecidas, isto já aconteceu.”
O apresentador traz exemplos: “Colômbia, aqui do lado, Medellín deixou de ter o título de cidade mais violenta do mundo nos anos 90… Na década de 80, Nova York tinha esse mesmo título e hoje é uma das cidades mais seguras do mundo e mais visitadas do planeta.”


